Alguns leitores deste blogue parecem desconfiar do potencial do futebol para instruir o público.
Ora vejam lá se eu não tenho razão:
1. Quando o Artur Jorge, já lá vão uns bons quinze anos, atribuiu ao Fernando Gomes uma excelente capacidade de "leitura do jogo", as massas amantes do futebol acederam à terminologia erudita da semiologia e do estruturalismo, hoje utilizada sem complexos pelo próprio Gabriel Alves.
2. Quando os portugueses começaram a ver por cá muitos jogadores com nomes como Balakov, Kostadinov, Mostovoi, Iuran, Kulkov ou Ovchinikov, tomaram finalmente conhecimento de que caíra o muro de Berlim e ruíra a União Soviética.
3. Quando os leitores da Bola se familiarizaram com as subtilezas do acórdão Bosmann, passaram a tratar por tu os intrincados temas do Mercado Único Europeu e da livre circulação dos cidadãos no espaço europeu.
4. Quando a SIC transmitiu em directo as Assembleias Gerais do Benfica, passou-se a discutir à mesa do café as diferenças entre activo bruto e activo líquido e a divagar sobre a capacidade do marketing para alavancar a capacidade de endividamento de uma empresa.
5. Quando Vale de Azevedo foi preso, até as crianças aprenderam o significado da palavra «peculato».
6. Quando as transferências dos jogadores passaram a ser feitas em euros, passou a ser mais fácil calcular a conversão para escudos.
7. Quando o Governo anunciou a decisão de restaurar os controlos das fronteiras durante o Euro 2004, toda a gente ficou finalmente a saber o que é o espaço de Schengen.
Vá lá, dêem a mão à palmatória...
24.6.04
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