8.4.07

Jornalismo de sarjeta

O resultado das "investigações" que alguns jornais têm vindo a conduzir sobre a licenciatura do primeiro-ministro resume-se até agora, como procurei demonstrar ironicamente no meu último post, em duas palavras: uma mão-cheia de nada.

Rui Pena Pires esclarece aqui mais um confusão atrevida e irresponsável de alguém que, todavia, continua a alegar boa-fé.

O problema das campanhas de calúnias é que é praticamente inútil desmontá-las uma a uma, porque, não tendo a grande maioria das pessoas paciência para acompanhar o detalhe do que está em discussão, fica assegurado o efeito de abalar a honorabilidade do visado.

Há dias, dizia o procurador especial JMF na SIC Notícias que não pode comparar-se esta investigação com o affaire Monica Lewinski, porque aí estava em causa uma questão do foro íntimo, ao passo que aqui estamos perante uma questão eminentemente pública.

Não sei se será assim tão óbvio qualificar como um caso privado uma relação sexual na Sala Oval entre o Presidente dos EUA e uma estagiária da Casa Branca, mas adiante. A questão não é essa. O que aproxima ambas as situações e é típico da política suja é a tentativa de questionar o carácter de um responsável governamental para atacá-lo politicamente.

Lá como cá, neste tipo de campanha, cujas motivações só podemos conjecturar, vale tudo, como por estes dias temos temos podido observar. A maior tristeza, bem definidora da miséria intelectual que tomou conta do país, é que, por cá, o pontapé de saída foi dado pela imprensa de referência, não pelos jornais de escândalos.

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