2.4.07

A questão

Pedro Magalhães, no Público de hoje (link indisponível):
Não deixa de ser curioso que uma parcela substancial das nossas elites esteja disposta a tomar como bom ponto de partida para a reflexão tudo aquilo que confirme a ideia de que os portugueses são desinformados, medrosos, intolerantes, incultos, infantis ou autoritários. Insatisfeitos com a democracia, dispostos a voltar ao passado ou, pelo menos, vulneráveis aos populismos. Deve ser também por isso que um cartaz vagamente cómico no Marquês de Pombal dá direito a notícias de abertura em espaços noticiosos e gera declarações de ministros, parlamentares e procuradores. Semelhante paternalismo, mesmo que iliberal no que toca ao direito de exprimir opiniões (por imbecis ou abjectas que sejam), até pode ser bem-intencionado. Mas, já agora, se me permitem a pergunta: quando as elites intelectuais de um país acham que o povo desse país é, no fundo, um bocado estúpido, até que ponto podem elas próprias ser, digamos, sinceramente democráticas?

Ora aí está uma boa pergunta.

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