2.4.07

Um político bom é um político morto

Que há de comum entre Salazar, Adenauer, De Gaulle e Churchill? Resposta: todos ganharam nos seus respectivos países o equivalente do nosso concurso para a eleição do Maior Português.

Será possível encontrar aqui um padrão? Sim:

1. Todos nasceram ainda no século XIX, ou seja, há bem mais de um século

2. Todos morreram entre 1965 e 1970, ou seja, há pelo menos 37 anos

3. Todos exerceram o poder máximo executivo nas suas pátrias em meados do século XX

4. Todos abandonaram esses cargos há pelo menos 40 anos

A conclusão parece-me clara: os povos preferem os políticos mortos aos políticos vivos, provavelmente pela mesma razão que nos leva a romancear as duras vivências passadas, num processo que se inicia pela lenta dissolução da memória e mais tarde se conclui com a doce reconstrução dos factos pela imaginação até só guardar com a realidade o mais ténue dos laços. Ora, para que esta reencenação esteja concluída exige-se tempo.

Churchill ou Salazar, que importa isso, se o método de escolha - se de método se pode falar - foi, no fundo, o mesmo?

Como dizia o outro: "Não há paraísos senão os perdidos".

PS - É claro que isto não é para levar muito a sério. Agora, que toda a gente já disse o seu disparate, não terei também direito ao meu?

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