5.7.07

O que eu gostaria de ouvir



Defendo há muito que a partidarização do aparelho de Estado é o pior mal de que sofre a nossa administração pública.

Gestão por objectivos, avaliação do mérito, controlo rigoroso dos custos correntes, avaliação custo-benefício dos investimentos públicos e outras trivialidades tecnocráticas que trazem tão excitados o PM e o PR de nada servirão se (e enquanto) esse problema não se resolver.

Só faz sentido trazer para o centro da actualidade os pequenos dramas e as grandes comédias que todos os dias se representam nos centros de saúde, nas repartições de finanças ou nas escolas primárias de norte a sul do país se houver a intenção de fazer alguma coisa para pôr cobro a essa doença que nos aflige.

Porque a denúncia do fait-divers e a chicana partidária em si mesmas não trazem nada de novo. Qual de nós nunca tivera antes conhecimento directo de farsas tão ou mais ridículas do que aquelas que agora enchem os jornais? Quem não sabe que a torpe pequena política é, no fundo, aquilo que motiva o envolvimento de muita gente na actividade partidária?

Por ventura acredita o PSD que a opinião pública se comove com as suas tiradas indignadas? Acaso supõe que, tirando os círculos restritos dos militantes, alguém teme que a liberdade de facto esteja em perigo? Julga que o público crê que o PS inventou algo novo?

A pior coisa que este governo até hoje fez foi declarar que, a partir de agora, todos os Directores-Gerais serão nomeados por exclusivos critérios de confiança política. É a cereja no bolo do processo de corrosão da autoridade e prestígio do alto funcionalismo público há muito iniciado.

Foi Cavaco quem o começou, mas coube a Sócrates concluí-lo.

O que eu quero saber é só isto: alguém tem alguma coisa diferente a propor? Ora, boa noite!

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