1. James Watson resmungou há dias contra a inteligência dos criados pretos. É claro que, para ele como para qualquer membro da casta superior inglesa, os criados pretos tanto podem ser africanos como portugueses ou paquistaneses. Lembram-se do catalão Manuel da série "Fawlty Towers"? A criadagem está insuportável, e o governo não faz nada para resolver o problema.
2. Vejo gente muito preocupada com a eventualidade de alguém querer reprimir as opiniões racistas de Watson. Ao que parece, até já foi cancelado um convite para ele participar numa conferência não sei onde. Ora, embora eu ache que qualquer chalado tem o direito a exprimir a sua opinião, não se segue daí que tenha que convidá-lo para discursar em minha casa. Depois do que Watson disse, não faltarão certamente fóruns para o cientista britânico comunicar ao mundo os seus fascinantes alvitres. Estou certo de que o Partido Nacionalista, por exemplo, estará disponível para lhe ceder o seu tempo de antena.
3. A genética sugere que a superioridade do homem em relação ao arroz não é tão grande como nos sentimos tentados a pensar, e que a diferença entre as diversas raças é negligenciável. Assim, a ciência permite desfazer certos mitos racistas, mas é incapaz de desferir um golpe definitivo no racismo. A discussão despoletada por Watson não é, na sua essência, uma discussão científica, nem ele, como se entende, pretendeu que fosse. Logo, não está em causa a liberdade de investigar e comunicar os resultados dessas investigações.
4. José Manuel Fernandes anuncia hoje ao país a sua inquietação perante a eventualidade de James Watson poder vir a ser silenciado. Sabendo-se como ele se esforça por dar voz no seu jornal a opiniões contrárias às suas, é de esperar que, dentro em pouco, Watson passe a ter uma coluna de opinião no Público.
21.10.07
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