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A resposta à crise internacional consistiu, desde finais de 2008, na transformação de dívida privada em dívida pública.
Este processo tem óbvios limites. Só poderia resultar se o sector privado retomasse rapidamente uma trajectória de crescimento, o que não aconteceu.
O tempo decorrido desde Agosto de 2007 desfez as esperanças de contínuo e crescente endividamento dos devedores. A fase em que agora entrámos convencerá os credores de que se enganaram ao pensar que poderiam recuperar com juros tudo o que emprestaram.
O socorro da União Europeia à Grécia foi na verdade um socorro aos bancos alemães, franceses e ingleses que corriam o risco de sofrer perdas colossais. Gasta toda a pólvora numa única salva, é normal que os investidores se interroguem: e se for preciso dinheiro para ajudar a Espanha, donde virá ele? A resposta curta e grossa é: não virá.
Estão esgotadas todas as políticas respeitáveis, fiscais e monetárias, de sustentação da procura agregada. Infelizmente, foram largamente insuficientes, como se verifica pelo estado anémico dos EUA, da UE e do Japão.
Se a realidade soubesse estar à altura da ficção, a China transformaria os seus créditos externos em activos nos países devedores, a começar pelas ilhas gregas e a continuar com a totalidade dos bancos americanos, ingleses e espanhóis.
A conclusão é que uma parte substancial das dívidas jamais será paga. Tal é a condição para que empresas e particulares possam voltar a respirar.
A forma mais justa de fazer isto seria a renegociação e o reescalonamento das dívidas. Mas trata-se de um processo demasiado moroso e complexo, com implicações e custos políticos difíceis de avaliar.
A outra forma de desvalorizar as dívidas é a inflação galopante. Aposto nisso.
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5.5.10
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