No final da primeira década do século XXI já todos os interessados presenciaram um concerto dos Stones ao vivo, escutaram um CD dos Stones ao vivo ou assistiram a um video dos Stones ao vivo.
Que poderia acrescentar "Shine a Light", o filme de Scorsese agora estreado?
Alguns flashes de entrevistas antigas sem particular interesse limitam-se a sublinhar a longevidade da banda. Um ou noutro momento de intimidade com o que se passa no palco - a expressão de cansaço de Watts no final de um trecho mais puxado ou um vislumbre do alinhamento das canções rabiscado na face de um quadro negro invisível para o público, por exemplo - não são suficientes para justificar a empreitada.
À medida que os Stones envelhecem, cresce o protagonismo de Richards em detrimento de Jagger. Este já todos entendemos que é um genial farsante, mas o mistério do primeiro, com a sua impassível máscara de repugnante bardinas, adensa-se de dia para dia.
Só ele parece disposto a jogar o jogo até ao fim, excepto naquele raro momento em que, como qualquer pessoa normal, condescende num beijinho bem comportado à sogra de Bill Clinton, embevecida com aquela oportunidade única de privar com o mafarrico em pessoa.
Agora, que João Paulo II unilateralmente aboliu o Inferno, o diabo já não mete medo a ninguém. E os artistas malditos também não.
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