O Secretário de Estado do Tesouro do governo português afirma hoje ao Jornal de Negócios que ter um banco público como a Caixa é "absolutamente estratégico" para o país, e que isso seria comprovado pela actual crise financeira.
Seria possível Costa Pina desenvolver um pouquinho a sua ideia? É que, afinal, as palavras "estratégia" e "estratégico" tornaram-se, no discurso corrente, um mero indício de que não se sabe muito bem o que se está a dizer.
O que é que a Caixa faz de diferente dos outros bancos, e com que intuito o faz? De que modo é que a Caixa contribui para reforçar a solidez do sistema financeiro português? Mais: em que documento escrito se encontra plasmada a orientação política e empresarial definida por este ou por qualquer outro governo para a Caixa?
Obviamente, nunca ninguém até hoje pôs preto no branco essa tal estratégia a que Costa Pina se refere, de modo que nos encontramos impedidos de debatê-la. Não resta, pois, senão confiar na palavra dos nossos governantes.
Sucede, porém, que aquilo que podemos observar sugere antes que a Caixa serve principalmente como instrumento de atenuação da concorrência no sector bancário, quando não como alavanca de negócios cujo interesse especificamente público nos escapa.
De modo que, pela minha parte, persisto em ver muito mais sentido na privatização da Caixa do que nas da TAP, das Águas de Portugal ou da ANA.
18.9.08
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