29.9.08

A voz do mercado

Isto é quase tão complicado como o Inter-Milan de ontem. Prestem atenção, porque não vou repetir-me.

Nos últimos dias, a taxa de juro dos títulos do Tesouro nos EUA têm andado à volta dos 0,05%. Isso mesmo: 0,05%! Ao mesmo tempo, o spread dos empréstimos concedidos pelos bancos atingiu valores recorde.

O que é que isto quer dizer?

Muito simples. A confiança dos investidores atingiu níveis tão baixos, que estão dispostos a emprestar dinheiro ao Estado a preço zero (ou negativo, em termos reais). Em contrapartida, as empresas só conseguem obter crédito a taxas elevadíssimas.

Logo, o que o mercado nos diz é que, neste momento, os investidores estão dispostos a financiar projectos estatais, mas não privados.

Logo, para evitar a paralisia económica, os Estados deveriam anunciar o lançamento urgente de iniciativas de investimento a curto prazo, com impacto, por exemplo, em instalações e equipamentos dos sistemas de saúde e educação.

Aí está algo que os governos europeus poderiam e deveriam unir-se para fazer sem demora.

5 comentários:

NC disse...

E esses "investimentos de curto prazo" têm retorno?

João Pinto e Castro disse...

Defina "retorno".

NC disse...

Um investimento pressupõe um retorno: investir X faz-se na expectativa de receber X + Y no final do (curto) prazo.

Se há "investidores estão dispostos a financiar projectos estatais" é porque esperam um retorno (X+Y) superior a deixar o dinheiro parado. Não estou a ver como é que investimentos estatais "em instalações e equipamentos dos sistemas de saúde e educação" possam trazer algum retorno a curto prazo.

João Pinto e Castro disse...

Na sua óptica, tapar os buracos do telhado da escola produz retorno? Se não está a ver, não sei que lhe diga.

NC disse...

No contexto em que você introduziu a questão, não me parece que tapar buracos numa escola gere dinheiro para quem investe a curto prazo. E mesmo no longo.....

Se não estou a ver, explique-me. Eu até era um aluno razoável. Vai ver que não custará muito entender o seu ponto de vista. Tem é de explica-lo e não evitar a questão.