.
Quando as coisas atingiam um certo ponto, com os sindicatos a ameaçarem retomar a greve, a opinião pública a agitar-se perigosamente e as eleições a aproximarem-se, era aí que entrava em cena o hábil negociador.
Não havendo hipótese de infringir as orientações do Ministério das Finanças, as cedências monetárias dos trabalhadores poderiam ser compensadas com reformas antecipadas, reduções de horários, férias alargadas ou, pelo menos, um ou dois dias por mês para tratarem de assuntos pessoais.
É por isso que, hoje, descobrimos funcionários que se reformam aos 45 anos, classes cujos horários se reduzem à medida que progridem nas carreiras e ganham mais, profissionais com cargas de trabalho permanentemente reduzidas, e por aí fora - uma infindável acumulação de regalias colaterais que, a pouco e pouco, arruinaram o país e difundiram a ideia de que só os estúpidos trabalham.
Devemos estes e outros triunfos civilizacionais - não o esqueçamos nunca - à ilimitada criatividade dos hábeis negociadores. Lembrei-me disto ontem, ao ouvir António Vitorino, com o seu eterno sorriso de pessoa superiormente esperta, aconselhar o governo a usar de imaginação para desfazer o impasse negocial com os professores.
Por que terá sido?
.
18.11.08
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário