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Comparar a esperança de vida no Harlem com a do Bangladesh é uma forma infalível de chamar a atenção dos mais distraídos para o tratamento chocante que nos EUA é reservado aos pobres.
É claro,como me fizeram notar nalguns comentários, que o Harlem é um bairro especialmente problemático de uma cidade norte-americano. Mas o Bangladesh também é um país especialmente problemático do mundo.
É claro que a baixa esperança de vida do Harlem se deve em parte a causas especiais como a criminalidade e a droga. Mas a baixa esperança de vida do Bangladesh também tem causas especiais, entre elas recorrentes catástrofes naturais e epidemias.
Vamos então a uma comparação menos extrema, recolhida no mesmo livro de Amartya Sen citado no meu anterior post: a esperança de vida dos negros americanos é inferior à da China, do Ceilão, da Jamaica ou da Costa-Rica, todos eles países subdesenvolvidos.
É claro que eu sei, como os leitores sabem e eu sei que eles sabem, que a esperança de vida não depende apenas (nem talvez fundamentalmente) da assistência na doença. Tão ou mais importantes do que ela são as condições de nutrição e de habitação, a higiene e as condições sanitárias básicas.
Acontece que a ausência de um serviço nacional de saúde nos EUA resulta da mesma despreocupação genérica com a marginalização dos pobres que tem prevalecido no país e que Obama se tem esforçado por superar. E é só.
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27.9.10
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