7.1.12

Estamos a transformar-nos numa sociedade de castas

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Ninguém pode permitir-se ignorar as desigualdades sociais que persistem em Portugal. Ficámos todavia esta semana a saber que a austeridade imposta até meados do ano passado veio agravá-las ainda mais, apesar das melífluas declarações em contrário de quem nos dirige, presidente da república incluído.

Parece, porém, que o facto não causa excessiva preocupação na opinião publicada. Não só não merece um tratamento prioritário, como o espaço mediático é mais facilmente cedido a alguns dos homens mais ricos do país para que eles se chorem publicamente das aleivosias e perseguições de que são vítimas.

Chegámos agora a um momento crítico deste processo de consolidação das castas, consistente na assumpção de que as classes superiores devem ser julgadas por um código moral distinto daquele que se aplica aos intocáveis.

Assim, não é aceitável que quem trabalha se furte às obrigações fiscais inerentes a uma atitude patriótica e solidária. Já os gestores e investidores não só podem como devem fazê-lo na defesa da rentabilidade e competitividade das suas empresas.

Uma moral para os senhores, outra para os servos. Depois do socialismo para os ricos, temos agora o relativismo moral para os amos.
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2 comentários:

António Parente disse...

Não me parece que haja um sistema de castas. Os accionistas da Jerónimo Martins não foram bem aconselhados quanto à defesa da sua imagem. Belmiro de Azevedo fez a mesma coisa há uns anos e as críticas não foram como agora. A CGD tem uma sucursal em Caimão, segundo li nos jornais, e é uma entidade pública.

Nadasse o país em dinheiro, estivesse o TGV a rolar pelos campos alentejanos e esta decisão não teria impacto público. Sem dinheiro, todos os cêntimos contam.

João Pedro Lopes disse...

Igualdade de oportunidades? Ora, ora... Se os filhos dos nossos criados puderem ser o que quiserem, quem serão um dia os criados dos nossos filhos?