21.7.06

A Ministra tem razão



Um inspector de qualidade recolhe amostras de uma peça no final da linha de produção e analisa a sua conformidade com as especificações. Todas as peças se desviam mais ou menos da norma de forma aleatória devido às chamadas causas comuns.

Se, porém, a medição efectuada se afastar mais do que três desvios padrões da média, o inspector compreende imediatamente que algo de anormal sucedeu. Devendo-se a variação a uma causa especial, o lote deve ser rejeitado e a produção interrompida para se analisarem as razões do desvio.

Foi isso que a ministra fez ao constatar que os resultados dos exames de Física e Química se encontravam completamente desalinhados tantos dos padrões históricos como das variações registadas nas outras disciplinas. Algum conhecimento dos princípios do raciocínio estatístico ajuda a perceber estas coisas.

A única atitude séria e corajosa era, pois, mandar repetir os exames.

O Público titula hoje nas sua primeira página: "Ministra da Educação não convenceu deputados da Oposição", como se isso fosse uma notícia. Ora o que nós vimos na televisão foi uma arruaça dos deputados do PSD e do PP, pouco interessados em escutar os argumentos de Maria de Lurdes Rodrigues.

Também é verdade que, mesmo ouvindo-os, não os teriam entendido, dado muitos deles provirem do lote que ingressou no ensino superior com negativa a matemática.

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