Estará o liberalismo condenado se se vier a confirmar, como sugere a moderna neurociência, que o livre arbítrio não existe? Eis a pergunta lançada num dos leaders do Economist desta semana.
A resposta depende do tipo de liberalismo de que estivermos a falar.
O liberalismo de inspiração pluralista ao estilo de John Stuart Mill sustenta que a competição entre diversas alternativas produz melhores resultados na política, na economia, na cultura, na ciência e, se quisermos, até na religião e na moral, porque obriga as ideias, práticas e formas de vida a demonstrarem a sua superioridade.
Não vejo como é que esta variante quasi-empírica do liberalismo pode ser afectada, para o bem ou para o mal, pelas mencionadas descobertas científicas.
Mas é evidente que o mesmo não sucederá com o liberalismo doutrinário que prega a liberdade de escolha e o primado da responsabilidade individual. Não precisaremos, aliás, de esperar pela evolução da neurociência para chegar a um veredicto, dado que toda a investigação realizada nas últimas décadas demonstra que a escolha individual ou é um fenómeno muito raro ou não existe de todo.
Infelizmente, a teoria económica, frequentemente apresentada como a teoria da escolha, não se tem revelado disponível para incorporar essas descobertas. Problema dela.
26.12.06
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