Não sei porquê, o balanço de 2006 proposto por Vasco Pulido Valente fez-me lembrar aquele moderno Jeremias que, não há muito tempo, costumava instalar uma banquinha pejada de cartazes e folhetos na extrema do Rossio que conduz à Rua do Carmo. De megafone em punho, ameaçava os passantes com o eminente Fim do Mundo e instava-os a fazerem penitência para se prepararem para o Dia do Juízo Final.
Por mim, prefiria o maluquinho do Rossio. Não invocava nenhum conhecimento privilegiado da política internacional, mas tão somente uma íntima familiaridade com a palavra de Deus. De modo que os transeuntes se sentiam mais à vontade para ignorarem aquelas terríveis profecias com um encolher de ombros e irem às suas vidas, limitando-se a deixarem cair de passagem um caridoso desabafo de comiseração: "Coitadinho!"
31.12.06
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