Pois muito bem: não deveria também o director do Público explicar aos seus leitores com que direito decidiu hoje o seu jornal: a) esconder tanto quanto lhe foi possível a notícia da redução do défice do OGE para 3,9%; b) optar por um título que dá a entender tratar-se de uma má notícia?
Porque a verdade é esta: se eu não tivesse ouvido a notícia ontem ao princípio da noite na TSF, o mais natural é que ela me tivesse passado despercebida ao folhear hoje os jornais da manhã.
Como interpretar o que se passou? Parece-me a mim que só há duas alternativas. Ou se tratou de uma grave falha jornalística, ou, então, o jornal agiu de forma inexplicavelmente sectária.
Vejamos. Que critérios jornalísticos justificam que, em vez do tema do défice, a Direcção do Público tivesse puxado para a primeira página títulos de importância tão transcendente como:
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Será que o Público está à espera da confirmação da notícia? Deve ser isso, porque se amanhã o comissário Almunia, a exemplo do que fez no passado, colocar reticências à classificação orçamental desta ou aquela despesa pública, o assunto merecerá sem dúvida um grande destaque.
Será antes que os editores de economia do Público discordam do modo como o Governo apresentou os números? Mas, então, estarão no direito de apresentarem a sua própria opinião.
O que não é sério é passar cinco anos a massacrar a opinião pública com a questão do défice e, depois, sabe-se lá com que intenção, pura e simplesmente ocultar as boas notícias quando elas ocorrem.
Até quando, Público, abusarás da nossa paciência?
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