4.3.07

Dos sofrimentos do mundo

Não há, depois de uma semana de trabalho duro, como uma manhã de sábado desavergonhadamente passada na cama.

Começa-se por dormir até bem tarde, o que, para hábitos madrugadores, pode ser, por exemplo, até às dez. Seguem-se abluções sumárias, o quanto baste para estar de volta à vida. O pequeno almoço entre lençóis pode ser motivo para voltar a passar uns minutos pelas brasas.

Chegado a este ponto, o espírito está pronto para mergulhar em jornais da véspera que ficaram por ler, ou talvez num dos livros empilhados ao lado da cama. Pode ser, por exemplo, Dos Sofrimentos do Mundo, uma leitura quase ideal para a ocasião, e que me faz pensar, enquanto preguicosamente palito os dentes com a unha, como neste Schopenhauer se combinavam de modo tão harmonioso a inteligência e a tacanhez de espírito. Nada que umas quantas manhãs na cama não pudessem ter resolvido.

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