A carreira de Paulo Portas só pode ser avaliada, de um ponto de vista estritamente político, como uma interminável sucessão de fiascos. Recorde-se que nunca logrou sequer aproximar-se do score eleitoral do seu ex-títere Manuel Monteiro.
Dizer-se que levou ao governo um partido que dele se encontrava afastado há décadas só pode ser piada: qualquer um que lá se encontrasse naquele momento teria conseguido o mesmo resultado.
Desculpa-se que, em tempos já distantes, alguns tenham acreditado ver no Independente inconfundíveis sinais de modernidade. A modernidade do semanário estava só no design e na linguagem. Quanta à substância, trava-se de jornalismo rasca que se entretinha a caluniar as pessoas a quem o seu director decidia declarar guerra.
A política de Portas segue o mesmo modelo. O mais importante é vestir como manda o figurino e saber escolher uma gravata para dar aquele ar de cavalheiro que os néscios confundem com as boas maneiras. Nada existe por detrás dessa aparência, senão a tragédia de um homem que tem uma ideia demasiado boa de si próprio.
Não tendo nada para oferecer no plano político, o que poderá então justificar a adoração de um indefectível núcleo de seguidores?
Portas pode ser melhor entendido como um fenómeno religioso. Esta espécie de pastorinho enfarpelado, este eterno menino birrento, este Peter Pan português em busca da sua sombra excita as fantasias de homens crescidos que, também eles, prefeririam não ter que crescer jamais.
Tenho a impressão que é chegado o momento de partirem todos para a Terra do Nunca. Acompanhados, já agora, de Vasco Pulido Valente, seu apoiante de última hora.
23.3.07
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