Com o défice das contas públicas em 3% e a inflação também próxima dos 3%, é claro que, mesmo que o produto estagne, o endividamento público não cresce em proporção do PIB. Crescendo a produção, mesmo que pouco, ele começará a diminuir. Acresce que, encontrando-se uma parte da dívida pública denominada em dólares, a desvalorização da moeda americana implica a sua redução em euros.
Moral da história: o papão do défice estatal tem os seus dias contados, de modo que a insistência nessa tecla para justificar a contenção a todo o custo das despesas públicas, ou, alternativamente, a manutenção dos impostos s um nível elevado, deixou, dessa perspectiva, de fazer sentido.
Vale a pena recordar que, quando subiu ao poder, o PS criticava com razão a excessiva concentração das atenções no défice orçamental em detrimento da falta de competitividade das empresas portuguesas. Aparentemente, perdeu de vista essa perspectiva no momento em que ela mais falta nos faz.
Porque o que se passa é que, embora o défice estatal se encontre controlado, pouco se progrediu ainda do lado da balança externa das transacções correntes (exportações menos importações de bens e serviços), cujo défice, se não me engano, continua a rondar os 8% do PIB. Não se vislumbrando a possibilidade de esse saldo negativo ser nos tempos mais próximos coberto pelo investimento directo estrangeiro, o seu financiamento implica o crescente endividamento externo privado.
Ora o que isto significa é que só após um período longo de forte crescimento das exportações será possível o Estado estimular o consumo interno sem correr o risco de fomentar um novo agravamento das contas externas e, por decorrência, também do desemprego.
14.11.07
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