20.3.08

Política de saúde aos repelões

Terá ontem dito José Sócrates na Assembleia da República para justificar a decisão de fazer regressar a gestão do Hospital Amadora-Sintra ao Estado:
"As parcerias público-privado são úteis para a construção. A gestão hospitalar deve permanecer pública."
O contrato de gestão privada do Amadora-Sintra foi uma experiência destinada a avaliar a bondade da solução. No final do período acordado, o Estado português deveria proceder a um balanço dos resultados e tirar as suas conclusões.

Quais foram essas conclusões? Por que decidiu o Estado não prorrogar o contrato? O que é que correu mal? Que objectivos não foram alcançados? As falhas estiveram do lado dos custos ou dos benefícios? Creio que temos o direito a conhecer as respostas a estas perguntas.

Ora, a declaração do primeiro-ministro não esclareceu nada. Pior ainda, logo a seguir ele anunciou aos deputados que, no que respeita aos novos hospitais em construção por privados, os seus contratos serão denunciados daqui a dez anos, mal acabe a respectiva concessão, caso o PS nessa altura se encontrem no governo.

Isto leva-nos a crer que Sócrates não está interessado em avaliar os resultados das experiências. Para ele, a gestão directa dos hospitais públicos parece ser uma questão de princípio, embora eu e muitos outros portugueses ignoremos que princípio é esse.

Certo certo é que as empresas às quais foi entregue a gestão de quatro novos hospitais perderam ontem o incentivo para fazerem o melhor de que são capazes, tendo em conta a sentença já anunciada de lhes retirar a concessão ao fim de dez anos, por muito excelente que seja o seu desempenho.

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