A cena da apresentação do novo logo, com Menezes a comparar-se a Obama, deve ter dissipado as dúvidas a quem ainda as alimentasse: o homem tem um parafuso a menos.
Sucede, porém, que o controlo que está a criar sobre o partido tornará muito difícil, senão impossível, a sua remoção - com o inconveniente adicional de que, se isso vier a acontecer, o vencedor herdará apenas um monto de escombros.
Estou consciente de que as declarações de preocupação de alguns dirigentes do PS acerca do estado a que chegou o PSD não passam de hipocrisia mal embrulhada num simulacro de sentido de Estado. A visão deles não enxerga além das próximas legislativas, e sabe-se como acima de tudo ambicionam um segundo mandato com maioria absoluta.
Mas é um facto que em democracias formais como o México, o Japão e a Índia a supremacia de um só partido permitiu a sua perpetuação no poder por meio século ou mais. O mesmo pode vir a suceder em Portugal, tanto mais que o caldo de cultura tendencialmente unanimista favorece uma deriva desse tipo.
Que esperam aqueles que, dentro do PSD, se escandalizam com o actual estado de coisas para tomarem a iniciativa? Aparentemente, aguardam um movimento de regeneração interna que dia a dia se afigura mais improvável.
O caminho da criação de um novo partido parece cada vez mais inevitável, e este é capaz de ser o momento ideal.
É claro que as próximas eleições estão perdidas. Mas o prestígio mais ou menos merecido de que os dissidentes por enquanto desfrutam na opinião pública deverá assegurar ao novo partido uma votação entre os 12 e os 15%, valor mais que suficiente para estruturarem uma oposição consistente e prepararem uma candidatura com legítimas pretensões no horizonte de 2013.
Cheira-me que é agora ou nunca.
13.3.08
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