28.11.09

Borboletas financeiras

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No princípio da semana, o PSD indignou-se pelo crescimento do défice das contas públicas no corrente ano; mas, aproximando-se o fim de semana, votou a eliminação de um imposto, ou melhor, a eliminação da parte da receita do IRC correspondente ao pagamento por conta.

Miguel Frasquilho, um ornamento da academia portuguesa de cuja sensatez o país nada tem a esperar, explicou que, como Teixeira dos Santos afirmara que a consolidação orçamental só começará em 2011, o facto não tem importância de maior.

Mesmo descontando que Teixeira não disse precisamente isso - as nuances não deixam marcas no áspero cérebro do nosso Miguel - haveria a notar o seguinte:

a) A pergunta não era sobre as intenções de Teixeira dos Santos, mas sobre as dos alegres companheiros do pobre Miguel. Acham eles ou não que a redução do défice deve ser adiada para mais tarde? Para já - ou seja, até à discussão do orçamento que terá lugar dentro de semanas -, parece que acham.

b) Mesmo que a intenção do Ministro das Finanças estivesse a pensar em não reduzir o défice em 2010, isso não implica que deseje aumentá-lo, que é o que sucede quando o Estado perde receitas.

O PSD, que, desde a sua primeira passagem pelo governo, em 1979, nunca perdeu uma oportunidade de arruinar as finanças públicas para tentar ganhar umas eleições, descobriu agora que, afinal também é possível fazer a mesma coisa na oposição.
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1 comentário:

jj.amarante disse...

O pensamento do PSD é de uma clareza cristalina: quando foram governo instituíram o pagamento por conta que foi uma grande ideia porque eram eles que administravam (bem) o dinheiro dos impostos; agora é uma péssima ideia porque é dinheiro que vai ser administrado (mal) pelo PS. Os tempos estão difíceis.