18.12.09

Massa cinzenta, precisa-se

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Tocam os sinos a rebate face à eventualidade de uma empresa brasileira adquirir uma participação dominante na Cimpor.

O Presidente da Caixa, detentora de quase 10% do capital da empresa, é citado pelo Jornal de Negócios como afirmando-se desinteressado em vender visto estar preocupado em "defender os centros de decisão nacionais".

Eu não acho que seja indiferente a nacionalidade dos proprietários das empresas, e acredito que, em certos casos bem definidos, a aquisição de uma empresa por investidores estrangeiros pode ter consequências muito negativas para um país. Estou a pensar, por exemplo, na venda da sua transportadora aérea.

Mas o que eu gostaria que Faria de Oliveira (ou o governo por ele) nos explicasse é que concretos interesses nacionais estão em causa na venda da... Cimpor?

Há receio de que a empresa seja deslocalizada? Absurdo.

Acaso desenvolve a empresa actividades de investigação cuja eventual eliminação empobreça o potencial científico e tecnológico do país? Duvido.

Ocupa a produção de cimento um lugar chave nalguma cadeia de valor que o país necessita de dominar? Não me façam rir.

Quer-me parecer, pois, que a invocação dos centros de decisão nacionais para defender os actuais proprietários da empresa não passa disso mesmo: utilização do poder político e da capacidade financeira do Estado para defender interesses privados sem ponta de relevância nacional.
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