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Também eu não acredito que o sistema monetário europeu seja, na sua actual configuração, produto de uma conspiração de ideólogos neo-liberais, mas é óbvio que os princípios que o informam foram fortemente influenciados pelo espírito do tempo.
É isso que explica que o mandato do BCE se limite ao controlo da inflação, sem qualquer preocupação com o desemprego ou com a taxa cambial do euro, situação que julgo singular em todo o mundo, tal como é único o grau de independência que lhe foi concedido.
Ora, a crise financeira demonstrou já que a concentração exclusiva na taxa de inflação não é sequer viável, quando mais recomendável. E, quanto mais completa a independência do banco central em relação às instâncias políticas, maior a sua dependência em relação a um grupo restrito e particular de interesses.
Estaremos ao menos de acordo nisto?
Os outros pontos levantados por João Ferreira do Amaral - papel reservado à política orçamental, financiamento monetário dos défices em situações especiais e admissão de medidas excepcionais para combater défices persistentes - parecem-me eminentemente razoáveis tendo em conta a experiência da última década.
Isto, é claro, se quisermos salvar o euro sem arruinar metade dos europeus.
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23.12.09
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