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Pode-se aceitar que o PEC apresentado pelo governo em Bruxelas seja uma necessidade imposta pela necessidade de impedir o drástico encarecimento do financiamento externo da dívida pública e, em geral, da economia portuguesa. Sendo os arranjos institucionais europeus o que são, a margem de manobra não é grande.
Mas é descabido acreditar-se que o PEC resolve o problema de fundo. Não só não o resolve, como complica a sua resolução.
A crise mundial determinou a quebra das exportações e do investimento, vazio em parte preenchido por políticas públicas dirigidas à sustentação da procura interna que provocaram directamente o crescimento do défice do Estado português.
Só poderiamos retirar confiantemente os estímulos públicos se as exportações e o investimento privado crescessem. Mas a política financeira e monetária europeia, obcecada com a inflação e os défices estatais, encarrega-se de garantir que, tão cedo, isso não acontecerá.
Paradoxalmente, quando mais se insistir na redução drástica e simultânea das necessidades de financiamento de todos os Estados europeus, menos provável é que isso venha a acontecer. Inclino-me, pois, a prever que a Europa não progredirá em 2010 nem no plano do crescimento, nem no do saneamento das finanças públicas.
A perigosa confusão entre política financeira e política económica acabará por ter que ser reconhecida, telvez tarde demais. Para já, impressiona a passividade do governo português ao nível de iniciativas internas destinadas a impulsionar o desenvolvimento. Tal como impressiona o silêncio do Parlamento Europeu no meio desta crise profunda.
A Europa ainda existe?
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1.4.10
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