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Nos últimos dias, a crise do euro entrou numa nova fase, fundamentalmente por se ter tornado evidente para quase todos os principais actores que, longe de estancar a especulação contra as dívidas soberanas, uma operação de socorro do EFSF em Portugal contagiaria de imediato a Espanha.
De modo que, mais uma vez, funcionou na perfeição a táctica portuguesa de nos safarmos empurrando para debaixo dos holofotes o país que está mais a jeito. Depois da Grécia e da Irlanda, foi agora a vez dos nossos vizinhos. Desculpem, rapazes, mas é a vida.
A ideia que está a ganhar adeptos consiste em criar um esquema permanente de auxílio aos países em dificuldades que, sem dramas nem sobressaltos, elimine de uma vez por todas as dúvidas quanto à possibilidade real de eles virem a satisfazer os seus compromissos financeiros futuros.
A solução passa por reestruturar o EFSF reforçando a sua capacidade e o seu âmbito de intervenção. Por vias ínvias acabaremos, afinal, por ter o BCE a financiar directamente os estados e euro-obrigações canalizando recursos a taxas razoáveis para quem deles necessita.
Resta só o problema de inventar para os bois designações eufemísticas que não choquem a mentalidade obtusa da Srª Merkel e do seu gabinete: a criatividade semântica ao estilo latino ao serviço da obsessiva lógica germânica revela-se mais uma vez a metodologia pan-europeia adequada para fomentar a convergência de visões políticas nacionais conflituantes. Quem diria?
Vamos então deixar trabalhar tranquilamente os assessores da Comissão Europeia, e daqui a dois meses estará pronto um texto que nos nossos países periféricos seria alinhavado em 48 horas.
A parte chata é que a Alemanha exigirá, para satisfazer a plebe doméstica, um controlo directo sobre as políticas orçamentais dos países membros, incluindo compromissos de harmonização fiscal que provocarão a ira da Irlanda e da Europa do Leste.
Tudo bem, desde que isso seja acompanhado do aprofundamento da integração política. Por mim, posso viver tanto com uma Europa pré-Maastricht como com uma Europa federal.
O que temos agora é que não é viável.
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18.1.11
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