17.11.08

Devagar se vai ao longe

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Fico satisfeito por saber que o Daniel Oliveira é agora favorável à autonomia de gestão dos hospitais públicos, algo que sempre foi classificado pelo Bloco de Esquerda como uma típica malfeitoria neo-liberal. Terei entendido bem o que ele quer dizer?

Também me alegro por vê-lo apoiar a progressiva descentralização da gestão do sistema escolar, um dos aspectos essenciais da estratégia de Maria de Lurdes Rodrigues. E os sindicatos, estarão de acordo?

E estaremos - eu e o Daniel - a pensar na mesma coisa? Começo a desconfiar que não, quando ele escreve: "É urgente entregar as escolas aos professores e aos pais".

Ora as escolas já estão entregues aos professores - ou melhor, aos seus sindicatos. A descentralização como eu a entendo significa transferir uma parte da tutela das escolas do Estado central para as autarquias, não promover a auto-gestão.

É exactamente para abrir caminho à descentralização que a avaliação dos professores é tão importante. Será muito difícil entender isto?
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4 comentários:

Anónimo disse...

João Pinto e Castro, acho que estás a confundir autonomia de gestão com privatização da gestão. São coisas diferentes. Ainda assim, eu falei dos hspitais públicos para falar de autonomia contratual (que sempre existiu nos hospitais). Pelo menos eu não me lembro do último concurso nacional de médicos.

Anónimo disse...

De resto, sou contra a entrega das escolas às autarquias. Por isso não, não estamos a falar da mesma coisa. Estou a falar de conselhos de escola com representantes de pais e professores a escolher o modelo da escola e quem a deve gerir. Talvez demasiado próximo das pessoas para o gosto deste governo que nem nos seus deputados confia.

João Pinto e Castro disse...

1. Não estou a confundir nada, Daniel. O BE tem-se manifestado não só contra a gestão privada como também contra a gestão autónoma dos chamados hospitais-empresa (que, ainda hoje, não abrange todos os hospitais públicos).

2. Não é verdade que sempre tenha existido autonomia de gestão nos hospitais. Isso começou com Correia de Campos nos governos de Guterres.

3. Não há concurso nacional para médicos porque todos eles têm emprego garantido no SNS.

4. Não se trata de entregar as escolas às autarquias, mas de transferir para elas algumas responsabilidades actualmente a cargo do Estado central. Mas a política educativa não pode ser delegada.

5. A participação dos professores, dos pais e das autarquias nos conselhos de escola está prevista na reforma em curso. Mas os professores insistem em conservar a maioria.

6. O governo talvez não confie nos seus deputados, mas há partidos que não confiam nos seus autarcas. Esta crítica é especialmente injusta. Não é preciso apoiar o governo para reconhecer que, em 30 anos, foi aquele que mais se esforçou por descentralizar a máquina do Estado.

João Pinto e Castro disse...

O modelo que o Daniel propõe - escola controlada por professores e pais - equivale a uma escola privada paga pelo Estado.