10.11.08

É falso que os professores não queiram ser avaliados



Este video, que descobri no Arrastão, esclarece definitivamente que espécie de avaliação pretendem os professores.

Notem, em primeiro lugar, que a professora da direita (que idade tem ela?) está aborrecida porque planeava reformar-se no próximo ano lectivo, e, afinal, vai ter que trabalhar mais doze anos. Que tremenda injustiça.

Depois, a ideia orientadora geral, como nos explica a da esquerda, é que "colegas não avaliam colegas", mas tampouco é aceitável que venham pessoas de fora avaliar o seu trabalho.

Como deveria então ser a avaliação? Segundo a da esquerda, deveria incluir duas etapas:

1. Auto-avaliação, ou seja, o professor avaliar-se-ia a si próprio.

2. Avaliação conjunta, ou seja, os professores de cada escola avaliariam em grupo o seu desempenho, sem todavia darem notas uns aos outros.

Parabéns ao Daniel pela objectividade da reportagem. Finalmente, ficámos todos a perceber.

19 comentários:

Sibila Publicações disse...

Que cambada. Já me estragou o dia este vídeo.

maloud disse...

"...aquilo que a ministra quer que nós pomos..." diz a avaliada. Será professora de Português?

daniel tecelao disse...

Não queriam ser avaliados,depois não querem ser avaliados pelos seus pares,agora não querem esta avaliação.
Afinal querem o quê?
Muito do insucesso escolar deste país deve-se à qualidade dos docentes,certo?

Sibila Publicações disse...

O que eles querem sei eu.

Anónimo disse...

Julgo que todos se consideram intelectuais. Pena que não queiram reflectir sobre este assunto. Pena que não se informem. Pena que se limitem a umas bocas fáceis.
Tiveram os senhores sempre e apenas excelentes professores? Que estranho! Eu que já sou da primeira metade do século passado tive professores excelentes, bons, suficientes, medíocres e maus. E uns eram excelentes nisto e maus naquilo. Aprendi muito com eles. Querem um grupo profissional perfeito?
E acham normal que um colega faça notações a outro, notações que implicam com as suas progressões profissionais, notações sujeitas a quotas, quotas a que ambos concorrem?
E leram as grelhas? Informem-se e pensem.

Nuno disse...

Eu tive professores bons e maus, todos sabemos q há professores bons e maus! É preciso q a carreira faça claramente esta distinção! Não podem todos chegar ao topo da carreira e ser todos iguais, deve haver quotas!
Os professores titulares avaliam os outros. Não vejo qq problema! Ou aliás até vejo, é as hierarquias começarem a assumir as suas responsabilidades, pois avaliar acarreta consequências!
É burocrático e dá trabalho? Pois dá! Isso não pode ser desculpa! No entanto se não concordam apresentem alternativas!

Anónimo disse...

Há 15 anos implementei um sistema de avaliação de desempenho a "360 graus" numa empresa multinacional onde trabalhava. E para dar o exemplo, fui o primeiro quadro a ser avaliado pelos subordinados. Se queremos ser bons profissionais, todos os inputs são úteis para identificar oportunidades de melhoria.
Nos sistemas tradicionais, em que as chefias avaliam, as quotas são imprescindíveis, porque senão, comodamente, todos os colaboradores são excelentes, quando a estatística nos diz que isso é impossível.
Mas isto tudo se passa nas organizações que se esforçam por alcançar a EXCELÊNCIA.
Infelizmente os professores estão noutro universo.

Anónimo disse...

Você topa logo toda a floresta a partir de uma árvore. Parabéns pelo discernimento.

Anónimo disse...

O nuno parece saber muito bem como apareceram esses titulares. Quem lhe disse que estão preparados para avaliar? Quem lhe disse que os "melhores" ganharam esse título? E mais, como os titulares são poucos, delega-se competência de avaliador em outros quaisquer.Os departamentos viraram a maior bagunça, enfiando-se agora no mesmo departamento professores das mais diversas áreas e formações. Ainda assim defendem os senhores como absolutamente adequado que o colega formado numa ESE para lecionar até ao 2º ciclo vá avaliar os colegas de matemática ou Físico-química do 3º ciclo e secundário. Está, do vosso ponto de vista, bem preparado cientificamente para o fazer? E a mesma trapalhice para todas as outras áreas.
Nunca até hoje a carreira distinguiu bons e maus professores. É um exercício impossível. São tantas as variáveis! Não sei de que era a empresa do Óscar mas desconfio que não trabalhavam com pessoas. Seriam papeis, parafusos, eletrodomésticos?
Pode desejar descobrir os baldas, mas esta avaliação não vai por aí. Os baldas, os que não punham lá os pés, estavam em muitos casos protegidos pelos órgãos de gestão. Nem faltas tinham. Agora têm mas os atestados médicos continuam a funcionar e para os baldas não se envia inspeção. E estas mesmas gestões passaram agora a avaliadoras.

Tenho relatos que me contam péssimos resultados nessas empresas que aplicaram fabulosas avaliações nos anos 80.Está aliás a ver-se o resultado nessas organizações que apregoam excelência. Só as escolas é que estão mal de resto está tudo excelente, não é? A ideia de excelência tem muitas interpretações!

Anónimo disse...

ó Setora.. toda a gente sabe que um excelente fica entre 18 e 20 valores.
Portanto essa sua conversa das interpretações é um não satisfaz.

A sociedade tem regras, e a avaliação no desempenho é uma delas.
Vocês querem é regalias e bandalheira.
Assumir responsabilidades zero.

Mas esperem ai que eu já vos conto como é.
Mais um aninho e começa tudo a andar a toque de caixa.

Anónimo disse...

1 -A empresa onde trabalhei tinha 450 trabalhadores.
2 - A ideia de excelência pode ter muitas interpretações. Mas aquela que sigo está de acordo com o modelo da European Foundation for Quality Management, onde se mede o empenho dos trabalhadores e a sua satisfação.
3 - Não! Não é só a Escola que está mal.
4 - A avaliação de desempenho não acabou nos anos 80. Se houve casos mal sucedidos, não os conheço. Mas como consultor continuo a apoiar empresas na implementação da avaliação e, aparentemente com agrado de todos - certamente com erros, resistências, etc.
5 - Aquilo que não se mede não se melhora
6 - Pelo sim pelo não, o meu filho está numa escola particular.
7 - Tenho familiares professores, mas não há pachorra para discutir com eles. O mundo deles parou há muito.
8- Nem todas as mudanças se podem fazer com o apoio de todos, sem prejuízo de em fases posteriores, se fazer esforço para ganhar o empenho e entusiasmo dos colaboradores.
9 - Se um subordinado com o 9º ano me pode avaliar a mim, porque razão um licenciado em física não pode avaliar um professor de francês?
10 - As emoções crispadas não permitem uma análise ponderada da situação. Os sindicatos já ganharam: vai ficar tudo na mesma até à derrocada final do ensino público.

Anónimo disse...

Essa da Auto-Avaliação é uma verdadeira anedota.
Aposto que é uma ideia bastante em voga lá para em paises sub-desenvolvidos.

Anónimo disse...

Somos tão iluminados não é? Sabemos e conhecemos a realidade escolar, não é?
Amandamos uns bitaites sobre educação e somos vozes abalizadas
Queremos ganhar algum protagonismo na net e vai daí, toca a dizer mal dos Profs, é moda.
Só que nos enganamos porque é dífcil conhecer aquilo que não se vive, eu também podia mandar uns bitaites sobre a banca, as profissões liberais que fogem aos impostos aos médicos à justiça...é pá tou a dizer mal de todos os portugueses não é?

Anónimo disse...

Ó avaliador, e esses 18/20 valores para um professor correspondem a quê? E servem para quê?
Devo dizer-lhe que prestei provas públicas para passar ao 8º escalão e até fiquei nessa sua notação de excelência - tive o Muito Bom, à época a nota máxima. Pode guardar para si o não satisfaz pela avaliação precipitada.
Trabalho há 36 anos e nunca tive regalias nem abandalhei nada.
E devo dizer-vos que, dos professores todos que conheço, sou a única que vai dizendo que não serve para nada a avaliação. Bom, a minha filha também já percebeu e diz o mesmo. Todos os outros dizem que querem ser avaliados. Para quê, não explicam.
Como mede o Óscar o empenho dos professores? Como aplica aqui o EFQM?
Os meus filhos, tal como eu, andaram sempre em escolas públicas. São gente excelente e julgo que o seu EFQM teria neles bons resultados (a professora é que não caberia nele).
Sabem os senhores que compete ao ME fazer a avaliação externa das escolas? Por que não se dedica o ME a essa tarefa que talvez ajudasse a resolver problemas de organização que atrapalham tantas vezes o nosso trabalho? Aí talvez o seu EFQM tivesse aplicação.
Não compreendo o que querem medir.
Olhe, Óscar, a maioria dos actuais professores de Física não aprendeu francês. Não sei como avalia a correcção científica dos ensinamentos do colega. Talvez o EFQM resolva isto e eu esteja a ver mal.
No ano passado dei aulas a uma das minhas turmas num incrível barracão.Vinte e oito "diabinhos" à solta. Era dificílimo. Este ano a turma passou a ter aulas numa sala de aula normal, com luz, ar e cadeiras adequadas aos seus tamanhos. Estão uns quase anjos e talvez aprendam.

Anónimo disse...

Para Setora:
Mantenho genuíno respeito pelas suas opiniões, mas não vou aqui responder, porque não é obviamente o lugar para grandes explanações sobre aplicações do modelo de excelência às escolas.
Há vários exemplos a que pode aceder do seu computador
Um ao acaso: http://www.hmie.gov.uk/documents/publication/qis-02.htm

Agora a sua afirmação de um licenciado não ser capaz de avaliar outro, deixa-me profundamente desgostoso. É que não é necessário saber mais de um assunto que o professor, para ser capaz de avaliar se a matéria está a ser bem transmitida. Sabe, na minha opinião a única coisa válida que aprendemos na universidade é a capacidade de aprender, e nunca admiti que alguém que tenha uma licenciatura fique confinado ao saber que lhe foi transmitido. Com a desvalorização natural do saber, esta atitude conduz os licenciados à ignorância.
Ninguém disse que este mundo era fácil.

Anónimo disse...

Eu acuso a Ministra não permitir que os seguintes Professores partissem com alguma dignidade nem aos animais se faz isto, não é aproveitamento é a realidade:
http--sacosmolhados.blogspot.com-2007-07-carta-dramtica-de-artur-jos-vieira-da.html
http://averdadeacimadetudo.blogspot.com/
http://sinistraministra.blogspot.com/2008/01/cndida-pereira-teve-de-se-arrastar-at.html

Anónimo disse...

Óscar Carvalho,
Obrigada pelo endereço. Já lá fui dar uma volta rápida. Visa a avaliação das escolas. E aí inteiramente de acordo. Há anos que travo essa batalha. No ano letivo que passou, fizemos de conta que fazíamos uma avaliação interna à escola onde trabalho. Olhe, até ficou razoável no retrato, o que não corresponde de todo à realidade. E adianto-lhe que, se não fosse a dedicação e habilidade da maioria dos professores, seria um descalabro. Quase tudo é mau ali.
Repare que o ME abrandou ou parou esse processo de avaliações externas e avançou com estas avaliações individuais; pretendeu entrar no modo "faz de conta". Na verdade não estão nada preocupados em que as escolas sejam lugares onde se aprende.
Claro que continuo a discordar no que toca à avaliação pelo par não só pelo facto de a ignorância das matérias transmitidas impedir a avaliação do rigor científico, mas também pelo facto de avaliador e avaliado concorrerem à mesma quota - x muito bons e Y excelentes para toda a escola sendo x e y determinados de forma arbitrária e extravagante, diferente de escola para escola.
Tente conhecer mais profundamente o que está a acontecer.

Anónimo disse...

E acrescento - com esta "avaliação" apenas se pretende parar os professores na carreira, poupar o erário.

Anónimo disse...

Setora,
Confesso que nem tive paciência de ler o link que lhe indiquei. Mas se conheço o modelo, a avaliação da escola passa também por avaliar a forma como ela gere os seus recursos e as suas pessoas. E aqui a avaliação dos professores tem que entrar, (embora não de forma directa, mas estávamos a falar de "excelência")
Mais umas notas para desafiar a sua paciência: A questão das quotas é incontornável em modelos de avaliação que não sejam avaliação por objectivos "tout-court" Pessoalmente prefiro "Objectivos", mas são sistemas mais duros.
Quanto aos objectivos de poupar no erário, desculpe-me a brutalidade da afirmação, mas agradam-me sobremaneira. Enquanto o Estado não reduzir a sua despesa corrente não pode reduzir impostos.
Confesso que não tenho muita disposição para entrar em detalhe. O assunto está tão crispado, que junto de familiares professores, não abordo o assunto. Ficam com a razão turvada pela emoção, de forma que prefiro que fiquem lá com a opinião deles e mantenhamos as relações. Desde o principio senti que não havia disponibilidade para aceitar o que quer que fosse. Depois foram adaptando o discurso, "que sim até queriam avaliação, só que não era esta..."
Ora temos conversado