19.6.09

O liberalismo bom

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Se a maioria das pessoas acredita que a economia de mercado funciona razoavelmente, então torna-se possível liberalizar as trocas comerciais e internacionalizar as economias.

O aprofundamento da União Europeia assentou nessa crença, visto ela implicar que todos os países, e não só os mais poderosos, teriam a ganhar com a eliminação das barreiras ao comércio intra-europeu.

Se acreditarmos que o mercado produz automaticamente níveis crescentes de bem-estar, não haverá razão para que os países individualmente considerados se ponham a apoiar esta ou aquela actividade económica particular.

Tudo começa a funcionar ao contrário quando se instala a desconfiança na economia de mercado. A urgência de uma intervenção estatal para salvar a economia ocorreu primeiro no sector financeiro, mas rapidamente alastrou a várias indústrias, desde logo à automóvel.

Ora, se os estados começam a apoiar as "suas" empresas, cai pela base o fundamento do comércio livre e cada vez mais gente começa a acreditar que o Mercado Único Europeu é uma armadilha para tolos. O poder dos maiores estados sobrepõe-se decisivamente ao dos pequenos, sem capacidade política ou económica para fazerem valer os seus interesses.

Caso se instale, a desconfiança no funcionamento do mercado conduzirá inexoravelmente à ruína do comércio livre e, por decorrência, à ruína da União Europeia.
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2 comentários:

Anónimo disse...

Sem dúvida. Mas parece-me que ainda não chegámos a esse ponto (de desconfiança nos mercados, quanto à decadência da UE já começou há muito).

Luis M. Jorge

Sofia C. disse...

Mas há outra hipótese (pelo menos)que é ser a UE a assumir o papel de Estado nalguns países em situação muito difícil, como a Letónia, no pagamento de subsídios de desemprego e nessa altura assumir aos olhos pelo menos de alguns o papel dum Estado que o próprio país não consegue assumir naquele momento. Desde que os políticos não fiquem mais uma vez com os louros do que não fizeram as populações e empresas desses países ficaram com uma ideia diferente da UE. Talvez a ruína não deva ser já anunciada...Sofia