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Na minha geração, toda a criança era obrigada a tomar colheres de óleo de fígado de bacalhau. Quanto mais cara feia pusesse, maior a colherada.
Para que servia exactamente o remédio? Ninguém tinha a certeza, mas, se o sabor era tão mau, decerto teria que fazer bem.
Hoje o óleo de fígado de bacalhau passou a ser comercializado em drageias, o que, desmobilizando os instintos sádicos dos torturadores de crianças, eliminou o apelo do produto. Mais uma malfeitoria do facilitismo.
Mas a geração educada a colheres de óleo de fígado bacalhau engolidas à mistura com muita lágrima e muito ranho está hoje no poder. A parte mais estúpida dela interiorizou à pancada a crença de que o bem só pode resultar do sofrimento, e que, quanto mais irracional ele for, melhor e mais santo será.
Austeridade é o nome que os economistas abusados quando crianças dão ao óleo de fígado de bacalhau.
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18.6.10
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