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Os bancos centrais expandiram dramaticamente desde 2008 a base monetária, que é a parte da oferta de moeda que controlam directamente.
Em condições normais, estaríamos agora com uma taxa de inflação bem superior a 30%. Por que é que isso não aconteceu?
Numa palavra, porque o dinheiro injectado pelos bancos centrais não está a circular. A agravada percepção de risco fez as empresas e particulares aumentarem bruscamente a sua poupança. Não gastam, nem investem.
Todavia, as poucas empresas que querem investir não conseguem crédito, visto que os bancos têm dificuldade em avaliar rigorosamente o risco envolvido.
Os estados intervieram então para sustentar a procura agregada. Os bancos não se importavam de lhes emprestar porque se sentiam seguros, mas a crise das dívidas soberanas inverteu a situação. Agora, não há dinheiro para ninguém.
Apesar de o sistema bancário no seu conjunto estar encharcado em dinheiro, os bancos temem emprestar uns aos outros porque desconhecem a situação real dos candidatos a devedores. Para evitar o colapso do crédito, o BCE substituíu-se nos últimos meses ao mercado inter-bancário.
O sistema financeiro é um morto vivo. Continua a captar as poupanças mas não cumpre a sua função de alocá-las de uma forma eficiente. Está exclusivamente centrado nos seus próprios problemas, fruto dos níveis de alavancagem atingidos na última década. Por outras palavras, encontra-se ligado à máquina.
Mas eis que, para agravar as coisas, Trichet anuncia a suspensão do programa de refinanciamento dos bancos europeus, lançando o pânico na zona euro. A máquina vai ser desligada.
Apertem os cintos de segurança. Esta vai ser uma semana para gente crescida.
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29.6.10
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