22.9.10

Um país de doidos?

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Como muitas outras pessoas, tendo a identificar-me com o que Helena Garrido escreve no seu editorial de hoje no Jornal de Negócios ("Rotundas, ciclovias e investimento público").

Chegados ao fim, a conclusão não pode ser outra: "Isto é um país de doidos." Mas, sendo isso verdade, nada haverá a fazer.

Aqui se revela, a meu ver, a fragilidade da perspectiva que informa a peça da Helena. Tudo tem uma explicação, por estranha e difícil de encontrar que seja, e é da sua identificação que depende a superação das ineficiências que legitimamente nos irritam.

Atribuir a responsabilidade dos nossos problemas à loucura nacional é apenas uma forma de legitimar intelectualmente a desistência de mudar o país.

Dentre as coisas estranhas que Helena Garrido elenca, algumas serão efectivamente criticáveis, outras terão justificações que desconhecemos. O erro não estará nelas, mas na nossa incompreensão.

Numa recente viagem à Suécia fui surpreendido pela profusão de rotundas. O que me fez pensar que se trata afinal de uma forma simples, prática e barata de regular o trânsito, sem despender dinheiro em semáforos que, em Portugal, provavelmente teriam que ser importados.

A minha conclusão é que precisamos de conhecer melhor o nosso país se efectivamente queremos transformá-lo.
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5 comentários:

Sibila Publicações disse...

Não somos um país de doidos, somos um país com crise de confiança. Temos de ir à Suécia para concluir que não somos um país de doidos.

jj.amarante disse...

Também acho que é uma forma de desistência. Quanto às rotundas às vezes ainda poupam mais dinheiro, ao evitar viadutos desnecessários.

Anónimo disse...

Este post está em linha com a frase do Padre Antonio Vieira, lá em cima.

João Pinto e Castro disse...

Às tantas...

José Luiz Sarmento disse...

E li numa edição recente da Time que muitas autoridades públicas americanas, a nível local, estadual e federal, estão a estudar seriamente a hipótese de instalar mais rotundas. "European style", como eles dizem.

Só uma ressalva para o caso português: uma rotunda sem sinalização ou com má sinalização traz incomparavelmente mais malefícios que benefícios.