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Originariamente publicado neste blogue sob o título "Uma pessoa vulgar", em 19.10.11:
"Ninguém podia imaginar uma coisa destas. Um senhor tão calmo, tão
sossegado, que falava sempre tão bem aos vizinhos... Quer dizer, ele não
era de muitas falas, mas cumprimentava sempre toda a gente."
"Uma vez assustei-me porque me cruzei com ele nas escadas à noite com as
luzes apagadas e ele vinha muito silencioso - ele nunca faz barulho
nenhum - e só o vi quando quase choquei com ele."
"Não era uma pessoa muito alegre e expansiva, lá isso não. Via-o sempre
muito metido consigo mesmo, a pensar nas suas coisas. Mas a gente sabe
lá o que vai na cabeça das pessoas."
"Para dizer a verdade, eu cá continuo a não acreditar que ele tenha
feito as coisas que se diz que ele fez. Ou, se fez, foi porque alguém o
empurrou para fazer isso. Eu cá não acredito."
"Eu até disse à minha comadre: 'Era um bom partido para a sua Amelinha'.
'Jesus, valha-nos Deus!', disse-me ela, e afinal tinha razão."
"Tem aquela fala monocórdica e a gente sentia receio de conversar com ele, mas, tirando isso, é uma pessoa como as outras."
"Uma pessoa muito normal em tudo, muito amigo do seu amigo, com uma
maneira de ser muita própria. As pessoas se calhar não acreditam, mas
ele uma vez estava tão bem disposto que até o vi a rir-se."
"Uma vez houve um incêndio aqui no prédio que nunca se soube como
começou. Ele ficou sempre muito calmo, mas não ajudou a apagá-lo, só
olhou."
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25.2.13
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