Politicamente, o Saddam já estava morto antes de ser ontem preso nas circunstâncias humilhantes que todos pudémos ver pelas tropas norte-americanas. Pois não vêem que o homem foi abandonado pelos compinchas?
Desde que o regime encabeçado por ele caiu, outros facínoras tomaram o controlo e comandam hoje a chamada «resistência iraquiana». Acredito que isso vai tornar-se cada vez mais claro nas próximas semanas.
É natural que as pessoas fiquem contentes com a prisão de Saddam Hussein porque as suas atenções continuam concentradas na guerra anterior, não na actual. A mim parece-me que o natural regozijo pela captura não deve fazer-nos esquecer que, no essencial, tudo continua rigorosamente na mesma.
Eu pensava que era só a esquerda que permanecia fixada nas condições políticas anteriores à invasão, mas constato agora que o mesmo se passa com a direita, sinal de que ainda ninguém parece ter-se apercebido do abismo que se abriu naquela zona do globo.
Em particular, não há ainda uma consciência clara de que o Iraque se tornou de facto, por obra da intervenção norte-americana, num verdadeiro santuário do terrorismo.
Saddam Hussein já morreu duas vezes este ano. E ainda vai morrer uma terceira, se Deus quiser-mas isso é politicamente quase irrelevante.
15.12.03
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