Quando, há cerca de dois anos, viajei de comboio de Nova Iorque para Washington, notei que a voz que, através dos altifalantes do comboio, se dirigia aos passageiros, tratava-nos por folks (malta). Isto de uma forma natural, sem nenhuma espécie de má-educação, antes com um toque carinhoso notório em tudo o que nos dizia.
Por conseguinte, nos EUA não somos nem consumidores nem utentes: somos folks. Vejo aqui a marca de uma cultura genuinamente democrática, assente numa igualdade fundamental entre todos os cidadãos.
Tanto quanto sei, este problema, que mereceu um comentário do Abrupto e uma resposta de Vital Moreira não está bem resolvido em país nenhum da Europa.
É um facto que os utilizadores de serviços públicos não o são na qualidade de consumidores, mas na de cidadãos. Mas, como não nos sentimos confortáveis a chamar-lhes cidadãos ou camaradas, inventávamos essa coisa artificial do utente. (Digo artificial porque ninguém se considera a si próprio um utente.)
É nestas pequenas coisas que podem ser observadas profundas diferenças entre a Europa e a América. E, neste particular, a vantagem está toda do lado da América.
31.12.03
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