Imaginem que aparecia na televisão um apresentador que não conseguia dizer os érres. O normal seria que os telespectadores se interrogassem:
"Quem terá sido o camelo que seleccionou um locutor que não sabe dizer os érres?"
Mas a verdade é que nós, portugueses, tendemos antes a reagir assim:
"Coitado, não só não sabe dizer os érres como ainda por cima calhou-lhe ser locutor..."
Este tipo de reacção é muito frequente. Eis mais alguns exemplos:
"Coitado, tinha o quintal cheio de lixo, e agora veio um incêndio e ardeu-lhe a casa..."
"Coitado, não sabe fazer contas, e a vida dele é ensinar matemática aos miúdos..."
"Coitado, foi treinado para combater incêndios de habitações, e agora tem que apagar fogos florestais..."
"Coitado, não pode ver sangue, e logo foi parar à Brigada de Trânsito da GNR..."
"Coitado, como se não lhe bastasse ser primeiro-ministro, ainda tinha que aturar todas aquelas namoradas..."
"Coitado, além de ser surdo ainda tem que fazer crítica musical..."
Somos, como se vê, muito compreensivos em relação à incompetência tanto própria como alheia. Por isso, não entendo toda esta excitação em torno da nomeação do Armando Vara para a administração da Caixa. Olhem se o puséssem antes a seleccionador nacional... Isso, sim, é que era mau! Coitado...
18.8.05
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