29.9.05

Batatas americanas e cebolas europeias

Todos nós aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) na escola que não faz sentido somar batatas com cebolas.

Todavia é exactamente isso que se faz quando se calcula o Produto Nacional Bruto - desde logo razão bastante para ficarmos alerta. Vai daí, os economistas inventaram certas técnicas engenhosas e razoavelmente consensuais para resolverem o problema a contento.

As coisas tornam-se mais complicadas, porém, quando se comparam os PNB de vários países e as respectivas taxas de crescimento.

Por exemplo, "toda a gente" sabe que, na última década, a ecomomia americana tem crescido de forma consistentemente mais rápida do que a economia europeia. O que, todavia "toda a gente" ignora é que isso só começou a acontecer desde que os EUA alteraram o método de estimativa do seu PNB.

O novo método procura ter em conta que, hoje em dia, certos bens (computadores, por exemplo) aumentam continuamente de qualidade sem aumentarem de preço. Como isso implica uma melhoria do bem-estar dos consumidores, esse ganho deveria ser estimado e somado ao PNB. É isso que os EUA começaram a fazer de há uma década para cá.

Em teoria, parece tudo certo. A verdade, porém, é que esse método de cálculo conduz a taxas de crescimento praticamente duplas das obtidas pelo método anterior.

Consequência: como a Europa não usa o mesmo método, parece que o seu PNB cresce muito mais devagar. Se ambas as regiões o calculassem do mesmo modo, as diferenças seriam insignificantes.

Moral da história? Tirem-na vocês.

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