Cavaco promete não obstaculizar a acção do Governo na condição de ele não adoptar "políticas erradas". Ou seja, na condição de não adoptar as políticas de que Cavaco discorda.
Mas, como já sabemos, ele não admite que pessoas sérias dispondo da mesma informação discordem quanto ao caminho a seguir. Pessoas desonestas escolhem políticas erradas; pessoas honradas adoptam políticas correctas baseadas em consensos nacionais.
Logo, só por má-fé ou ignorância poderá o Governo adoptar "políticas erradas" e colocar-se, assim, em posição de perder a confiança de Cavaco.
Na cabeça de Cavaco não é admissível a pluralidade de ideias, excepto como um equívoco resultante de uma deficiente assimilação da matéria dada. Cabe ao mestre benevolente corrigir o aluno e mostrar-lhe o bom caminho.
E se o aluno for um "mau aluno"? Ou antes: e se o aluno persistir em pensar pela sua própria cabeça e tirar as suas próprias conclusões?
Nesse caso, assumir-se-á como um agente de bloqueio ao serviço de interesses inconfessáveis. Deverá, pois, ser denunciado e apontado à execração pública.
Não são precisos mais debates que não passam de exercícios de retórica artificiosa. As palavras só servem para enganar as pessoas. Do que se precisa é de gente de trabalho que subiu a pulso na vida e que, ao contrário dos políticos profissionais, se preocupa com o futuro dos seus filhos.
A política distrai-nos da competitividade. Se nós já sabemos sem margem para dúvidas quem é competente e lê os dossiês, para quê perder mais tempo com campanhas e eleições?
(Inserido ontem no Super-Mário.)
21.12.05
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário