4.2.08

Despresidencializando Tony Blair

A candidatura de Tony Blair à Presidência da União Europeia tem quatro grandes argumentos a seu favor:

1. É inglês. Sendo a opinião pública britânica tão dominada pelo eurocepticismo, a presença de um inglês à frente dos destinos da Europa constituiria uma oportunidade única para transformar o sentimento geral no seu país.

2. Fala francês. Nos tempos que correm, o chauvinismo francês satisfaz-se com estas pequenas vitórias.

3. É atlantista. Blair é o líder europeu mais apreciado em Washington, embora não necessariamente por falar francês.

4. É católico. Sabe-se como as boas graças do Vaticano podem ajudar, principalmente - mas não só - na Europa meridional.

Em contrapartida, a candidatura de Blair apresenta quatro grandes inconvenientes;

1. É inglês. Hoje, ser-se inglês confere a qualquer mediocridade uma vantagem injusta, inclusive na culinária e no futebol. É tempo de serem instituídas quotas máximas para ingleses, a começar pela política.

2. Fala francês. Sim, mas não fala muito bem. E, depois, que se lixem os franceses!

3. É atlantista. A influência dos EUA foi muito benéfica para a Europa na segunda metade do século XX. Mas, com a democracia americana a degenerar em populismo mediático, o melhor é fugirmos às más companhias.

4. É católico. Com Bento XVI, a Igreja parece apostada em reconquistar influência política directa, conforme o comprova a presente campanha eleitoral em Espanha.

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