18.2.08

Perder tempo



Boticelli: A Calúnia, 1494.

No seu post de ontem sobre a questão que traz apaixonada a opinião pública mundial, CAA faz uma afirmação à qual já anteriormente dei o meu acordo: "Se a Câmara Corporativa queria desmentir a acusação [que lhe foi dirigida, a sua reacção] foi contraproducente".

Porém, CAA acrescenta: "Caso a acusação seja verdadeira, a artimanha de se fazerem passar por gente comum sem dever de vassalagem de opinião é que irrita um bocado." Aparentemente, como "quem denunciou tem nome e deu a cara", CAA acha possível que seja verdade.

Ora, para mim, este caso só vem confirmar que nem o anonimato é forçosamente condenável, nem dar a cara é atestado de virtude.

Como "quem denunciou" (Luis Pedro Nunes, FAL e Paulo Pinto Mascarenhas) não apresentou qualquer prova do que afirma, até ordem em contrário essas vozes são suspeitas de calúnia, o que, aliás, está na linha do estilo de argumentação a que nos habituaram.

Inversamente, o Câmara Corporativa não foi até hoje, que eu saiba, acusado de ter falseado a verdade ou de ter lançado acusações infundadas contra pessoas ou partidos.

O que há então a apontar ao Câmara Corporativa? Duas coisas:

1. Apoiar o governo do PS

2. Ser (supostamente) anónimo

Sobre 1, Tomás Vasques já disse tudo o que havia para dizer.

Quanto a 2, assumindo que os autores do Câmara Corporativa não assinam com o seu nome verdadeiro, gostaria de fazer notar que não há nada de criticável no recurso a um pseudónimo, na condição de que quem a ele recorre não se aproveite da circunstância para evitar ser responsabilizado por aquilo que afirma.

Todavia, pode-se perguntar o que levará alguém a optar por não assinar um blogue com o seu próprio nome. Assim de repente, ocorrem-me algumas possibilidades:

1. Trabalha para a Sonae

2. Lidera uma empresa que presta serviços à Sonae

3. É primo de Belmiro de Azevedo

4. Trabalha numa empresa dirigida por um destacado militante do PSD

5. Trabalha para uma Câmara do PSD

6. A mulher é deputada do PSD

7. Não quer dar um desgosto ao pai

Chega?

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