12.11.04

Epitáfio

Lamento muito, mas não tenho nada de bom a dizer sobre Yasser Arafat.

É possível que ele fique na história como o verdadeiro fundador da nação palestiniana, mas a história está cheia de pais de pátrias - a começar por Afonso Henriques - que não se recomendam.

Durante muitos e muitos anos Arafat assumiu abertamente as teses do terrorismo e foi responsável por crimes hediondos, entre os quais o assalto à aldeia olímpica. Mais tarde, quando teve a oportunidade de iniciar a caminhada para a construção de um estado palestiniano, preferiu locupletar-se com o dinheiro que deveria ter servido para criar escolas e hospitais, abrindo as portas à ocupação do terreno pelo Hamas e pela Jihad Islâmica.

Bem sei que é fácil pregar moral quando se está de fora de uma tragédia da escala daquela em que Arafat viveu a maior parte da sua vida. Mas exemplos como o de Nelson Mandela - esse, sim, um herói autêntico - provam que não é necessário que as coisas sejam assim.

Desde 1948, a grande desgraça dos palestinianos têm sido os dirigentes árabes em geral, e os seus próprios em particular.

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