4.11.04



Tamara de Lempicka: Mulheres no banho, 1929.

Há um abismo entre os nus de Lempicka e os de Freud. Por isso é tão interessante colocá-los lado a lado. Em Lempicka, os nús sáo completamente idealizados, só lhe interessa o que aproxima as figuras humanas, apresentadas em enquadramentos modernos, de um protótipo clássico greco-romano. Freud, pelo seu lado, conduz uma exploração dolorosa daquilo que, precisamente, distingue os corpos reais das suas visões estilizadas. Surpreendentemente, da contemplação dos pequenos e grandes defeitos e ridículos destes corpos demasiado humanos emerge um outro tipo de beleza, a que, para recorrer a um lugar comum, chamaríamos convulsiva. O monstruoso como ideal de beleza tem uma longa tradição na arte ocidental.

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