26.6.05

O convite

«Saboreávamos pacificamente o chá, quando fomos despertados por uma grande algazarra na rua. e correndo à varanda demos com um grosseiro magote de velhas bruxas, rapazes e mendigos andrajosos, trazendo à sua frente meia dúzia de tambores, e outros tantos pretos de véstias encarnadas, tocando trombetas com uma veemência insólita e apontando-as directamente para a minha casa!

«Estava eu admirando este modo de pôr cerco às portas alheias à moda de Jericó, e recuara um pouco para evitar ser queimado por um foguete, que me zuniu a uma polegada do nariz, quando um dos meus criados entrou com um crucifixo numa salva de prata e uma amabilíssima mensagem das freiras do convento do Sacramento, que enviavam os seus músicos com tambores e foguetes, a convidar-nos para uma grande festa no seu convento, em honra do Coração de Jesus.

«Estas festas de igreja principiavam, realmente, a perder para mim uma grande parte do seu encanto que lhes dera a novidade, e eu sentia-me já farto de motetes, de kirie eleisons, de incensos, de doces e de sermões.»

William Beckford: Viagens a Portugal, 1787.

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