4.11.08

Atenção, pessoal de Mirandela, isto também é convosco

Deve a Administração do Porto de Lisboa ser comandada pelo município da capital, como exige Helena Roseta?

Não. O Porto de Lisboa não é do concelho de Lisboa, nem sequer da sua área metropolitana. É do país.

Seja pela sua importância ímpar, seja pela especialização de tráfego existente, o porto de Lisboa serve Portugal inteiro. Serve o Alentejo e o Algarve, serve a Estremadura e as Beiras, e, nalguns aspectos, serve inclusive a região Norte.

De maneira que isto também é convosco, aí em Mirandela.

Seria, pois, inadmissível que a expansão do Porto de Lisboa pudesse ser comandada pelas opiniões abalizadas da arquitecta Helena Roseta, cujos méritos excedem em muito o meu entendimento.

Suponhamos que os lisboetas deliberavam em referendo a favor de mais bares e menos contentores. Pois eu defendo que, nessas circunstâncias, os regimentos da província teriam o direito de avançar sobre a capital e exilar a arquitecta para o Bugio para fazerem valer os legítimos direitos da nação sobre a imperial e o caracol.

O país atura os caprichos da capital a troco de alguns serviços mínimos que ela lhes presta. Se esse contrato implícito for rompido, muda-se já a capital para Madrid.

Há outro argumento relevante, embora secundário, para se evitar que a Câmara interfira mais na gestão da área ribeirinha, que é o que António Costa e o governo andam a tramar.

Imaginem, por um momento, que há trinta anos a Administração do Porto de Lisboa tinha sido colocada sob a tutela da Câmara Municipal. O que teriamos nós hoje junto ao rio?

Não esplanadas e parques públicos, mas talvez um ou outro centro comercial, urbanizações manhosas do tipo das que foram construídas em Chelas, business parks e, decerto, lixeiras pomposamente apelidadas de jardins - tudo sobrevoado por um grandioso viaduto para facilitar a entrada e saída na capital.

(Este post é inspirado pelo despeito, confesso-o. Invejo a lucidez da arquitecta Helena Roseta, uma pessoa que conseguiu atingir uma idade respeitável sem jamais correr o risco de fazer algo de útil pelo seu país.)

(To be continued...)

10 comentários:

Anónimo disse...

Apoiado. Pior, é só bla-bla-bla. Começou no PSD e está quase no BE. Isto em termos de posicionamento. Porque o que ela aspira é o partido dela, é estar na 1ª página, a dizer "coisas, mas a não fazer nada, ou pior fazer asneiras. É tempo de desmascarar esta gente que nada contribuiram para o progresso do país, mas só se interessa pelo seu umbigo.
Amilcar Gomes da Silva

Sibila Publicações disse...

É a política do nada. É como Alegre presidente, para quê aquilo tudo, serviu de quê? Para nada (aliás, para eleger Cavaco). A política do contra, a política do dar nas vistas. A direita agradece, comovida.

Anónimo disse...

Nunca li nada que correspondesse tão bem aquilo que penso sobre este assunto e sobre esta gente que tem levado a vida a falar e a não fazer nada.É preciso dizê-lo e repeti-lo mil vezes.

maloud disse...

Mirandela fica mais perto do porto de Leixões.

Elisiário Figueiredo disse...

Tem que existir a sensibilidade de não desfigurar a cidade de Lisboa, penso que Helena Roseta quis dizer que um qualquer gestor de meia tigela que só olha para números não tem a sensibilidade de efectuar uma gestão de uma zona sensível como todo o território que o Porto de Lisboa tem, já ouvi asneiras ao crerem comparar Ruterdão e outros portos que ficam longe do centro das cidades

Sibila Publicações disse...

"penso que Helena Roseta quis dizer que um qualquer gestor de meia tigela que só olha para números não tem a sensibilidade"

Na dúvida se o gestor só olha para números ou não, nada anda. Ficamos a olhar para o Tejo. Figurantes à espera dos turistas. Que fado triste.

Elisiário Figueiredo disse...

Esta discussão é mais do que Helena Roseta, tem a ver com outros figurões, a forma como aparece a concessão do Terminal tudo feito às escuras, fala-se em nomes.... ou seja ainda a procissão vai no adro.

Lisboa não pode ser desfigurada, só porque alguns assim o entendem.

João Pinto e Castro disse...

Quem é o "gestor de meia tigela", ó Elisário Figueiredo? O Engº Manuel Frasquilho é um gestor com provas dadas e uma vida inteira dedicada ao serviço público. Não pode ser desrespeitado por políticos e comentadores de meia tigela.

Elisiário Figueiredo disse...

Sem querer, porque não quis, desrespeitar o Engº Manuel Frasquilho, aquilo que ontem ouvi e vi na televisão não gostei, andou à volta e nada disse.

A minha opinião conta tanto como a sua, você é a favor eu não sou contra tenho é as minhas duvidas, mas é só uma opinião.

Anónimo disse...

já repararam que a arquitecta não assinou a petição?

porque será??????????