Deve a Administração do Porto de Lisboa ser comandada pelo município da capital, como exige Helena Roseta?
Não. O Porto de Lisboa não é do concelho de Lisboa, nem sequer da sua área metropolitana. É do país.
Seja pela sua importância ímpar, seja pela especialização de tráfego existente, o porto de Lisboa serve Portugal inteiro. Serve o Alentejo e o Algarve, serve a Estremadura e as Beiras, e, nalguns aspectos, serve inclusive a região Norte.
De maneira que isto também é convosco, aí em Mirandela.
Seria, pois, inadmissível que a expansão do Porto de Lisboa pudesse ser comandada pelas opiniões abalizadas da arquitecta Helena Roseta, cujos méritos excedem em muito o meu entendimento.
Suponhamos que os lisboetas deliberavam em referendo a favor de mais bares e menos contentores. Pois eu defendo que, nessas circunstâncias, os regimentos da província teriam o direito de avançar sobre a capital e exilar a arquitecta para o Bugio para fazerem valer os legítimos direitos da nação sobre a imperial e o caracol.
O país atura os caprichos da capital a troco de alguns serviços mínimos que ela lhes presta. Se esse contrato implícito for rompido, muda-se já a capital para Madrid.
Há outro argumento relevante, embora secundário, para se evitar que a Câmara interfira mais na gestão da área ribeirinha, que é o que António Costa e o governo andam a tramar.
Imaginem, por um momento, que há trinta anos a Administração do Porto de Lisboa tinha sido colocada sob a tutela da Câmara Municipal. O que teriamos nós hoje junto ao rio?
Não esplanadas e parques públicos, mas talvez um ou outro centro comercial, urbanizações manhosas do tipo das que foram construídas em Chelas, business parks e, decerto, lixeiras pomposamente apelidadas de jardins - tudo sobrevoado por um grandioso viaduto para facilitar a entrada e saída na capital.
(Este post é inspirado pelo despeito, confesso-o. Invejo a lucidez da arquitecta Helena Roseta, uma pessoa que conseguiu atingir uma idade respeitável sem jamais correr o risco de fazer algo de útil pelo seu país.)
(To be continued...)
4.11.08
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10 comentários:
Apoiado. Pior, é só bla-bla-bla. Começou no PSD e está quase no BE. Isto em termos de posicionamento. Porque o que ela aspira é o partido dela, é estar na 1ª página, a dizer "coisas, mas a não fazer nada, ou pior fazer asneiras. É tempo de desmascarar esta gente que nada contribuiram para o progresso do país, mas só se interessa pelo seu umbigo.
Amilcar Gomes da Silva
É a política do nada. É como Alegre presidente, para quê aquilo tudo, serviu de quê? Para nada (aliás, para eleger Cavaco). A política do contra, a política do dar nas vistas. A direita agradece, comovida.
Nunca li nada que correspondesse tão bem aquilo que penso sobre este assunto e sobre esta gente que tem levado a vida a falar e a não fazer nada.É preciso dizê-lo e repeti-lo mil vezes.
Mirandela fica mais perto do porto de Leixões.
Tem que existir a sensibilidade de não desfigurar a cidade de Lisboa, penso que Helena Roseta quis dizer que um qualquer gestor de meia tigela que só olha para números não tem a sensibilidade de efectuar uma gestão de uma zona sensível como todo o território que o Porto de Lisboa tem, já ouvi asneiras ao crerem comparar Ruterdão e outros portos que ficam longe do centro das cidades
"penso que Helena Roseta quis dizer que um qualquer gestor de meia tigela que só olha para números não tem a sensibilidade"
Na dúvida se o gestor só olha para números ou não, nada anda. Ficamos a olhar para o Tejo. Figurantes à espera dos turistas. Que fado triste.
Esta discussão é mais do que Helena Roseta, tem a ver com outros figurões, a forma como aparece a concessão do Terminal tudo feito às escuras, fala-se em nomes.... ou seja ainda a procissão vai no adro.
Lisboa não pode ser desfigurada, só porque alguns assim o entendem.
Quem é o "gestor de meia tigela", ó Elisário Figueiredo? O Engº Manuel Frasquilho é um gestor com provas dadas e uma vida inteira dedicada ao serviço público. Não pode ser desrespeitado por políticos e comentadores de meia tigela.
Sem querer, porque não quis, desrespeitar o Engº Manuel Frasquilho, aquilo que ontem ouvi e vi na televisão não gostei, andou à volta e nada disse.
A minha opinião conta tanto como a sua, você é a favor eu não sou contra tenho é as minhas duvidas, mas é só uma opinião.
já repararam que a arquitecta não assinou a petição?
porque será??????????
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