30.6.10

“Perguntem ao Queiroz”

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A selecção ganhou um jogo, empatou dois e perdeu outro. Nada mau, tendo em conta o real potencial dela (entre as primeiras 20, mas muito abaixo do nº 3 que o equivocado ranking da FIFA lhe atribui) e a qualidade dos adversários. Tirando Cavaco Silva e mais uns quantos águias, teremos todos que nos resignar.

Não é por a selecção ter sido eliminada nos oitavos que Queiroz não presta. É porque não presta.

Queiroz falhou da forma mais estrondosa precisamente no único jogo que ganhou, e logo por sete a zero. Ele previu que a Coreia do Norte jogaria fechada como fizera contra o Brasil, por isso lançou Miguel, Coentrão e Hugo Almeida. Enganou-se, por isso esmagou; se tivesse antecipado correctamente a táctica adversária, teria, quando muito, ganho à rasquinha.

Só alguém muito muito muito burro não percebia que, até à saída de Almeida, a equipa portuguesa estava a jogar presa por arames. Foi aí que uma ideia – ocorrência tão funesta quanto improvável - atravessou o cérebro de Queiroz: “Vamos tirar os arames.”

Do primeiro ao último jogo, todos os livres a 40 metros da baliza foram rematados directamente ao golo pelo Ronaldo, o que significa que nenhum desses lances se aproveitou. Quem decidiu assim?

Se foi Queiroz, fica claro que a sua táctica resumia-se a esperar que Ronaldo resolvesse os problemas da selecção num rasgo de génio. Se foi Ronaldo, fica claro que a selecção não tem orientação. Vendo bem, ambas as alternativas levam à mesma conclusão.

A gente não precisa de assistir aos treinos para entender, não é preciso ver aquilo que se imagina. O Professor (desconfiemos de todas as pessoas que se apresentam como Professores com P grande), publicamente, só diz tolices.

É claro que os jogadores não o respeitam. Ninguém respeita líderes que repetida e consistentemente provam a sua total e absoluta incapacidade.

Ele combina a saloice arcaica dos “heróis do mar” com a parolice cool da “imagem moderna”. Vocês imaginam as reuniões do Madaíl com o Queiroz? É isso, aposto que se fala dos concertos dos Black Eyed Peas, das exigências dos patrocinadores e das relações com os media. De futebol, nada.

A saída de Queiroz não garantiria apoteóticas vitórias futuras, limitar-se-ia a, reconhecendo o óbvio, criar uma situação mais sã. Infelizmente, estamos impedidos pelo PEC.
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1 comentário:

Carlos Albuquerque disse...

"Ninguém respeita líderes que repetida e consistentemente provam a sua total e absoluta incapacidade."

Frase muito interessante!