14.7.03

Polícia política. O recente caso da Cruz Vermelha é apenas mais um episódio da tentativa da actual maioria para criminalizar a vida política.

Até há algum tempo, os recém-chegados ao poder limitavam-se a substituir os altos funcionários da administração, os gestores públicos e outros dirigentes de organizações tuteladas pelo Governo por gente da sua confiança.

Como esta prática se tornou mal vista, alguém dotado de grande imaginação lembrou-se de mandar instaurar previamente inquéritos, auditorias e sindicâncias para detectar eventuais ilegalidades susceptíveis de legitimar as projectadas nomeações.

Na esmagadora maioria dos casos os inquéritos redundam em nada; nalguns poucos detectam-se irregularidades processuais, coisa muito fácil numa administração tão complicativa e formalista como a nossa; uma vez por outra, lá se encontram práticas claramente ilegítimas.

Todavia, mesmo que nunca se apure nada de relevante, o que interessa é que, entretanto, se criou na opinião pública a percepção de que por detrás de tanto fumo haverá, por certo, algum fogo. E atinge-se o principal objectivo: sugerir que os adversários políticos não passam, na verdade, de criminosos de delito comum.

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