Não consigo contar a estória melhor do que Pedro Santos Guerreiro, Director do Jornal de Negócios:
"[Manuel Fino] entregou quase 10% da Cimpor à Caixa [em pagamento de uma dívida], mas as cláusulas leoninas foram a seu favor. A Caixa pagou mais 25% do que as acções valem; não pode vender as acções durante três anos; e Fino pode recomprar as acções, o que significa que foi a Caixa que ficou com o risco: se as acções desvalorizarem, perde; se valorizarem, Fino pode recomprá-las e ficar com o lucro. Não há dúvidas de que Manuel Fino fez um óptimo negócio e de que zelou pelos seus interesses. Assim como a Caixa - zelou pelos interesses de Manuel Fino."
Os factos são conhecidos desde 2ª feira. Até hoje, porém, não comoveram os nossos media, usualmente tão propensos à indignação. Não fará sentido alguém questionar a administração da Caixa, interrogar o Ministro das Finanças, propor uma comissão de inquérito parlamentar, sei lá?
No momento em que tanto necessitamos de uma intervenção apropriada e rigorosa do Estado na economia, descobrimos que os responsáveis de instituições de relevo como a Caixa não se mostram à altura daquilo que deles temos o direito de esperar.
Isto, sim, é um drama.
3 comentários:
Curiosamente fiz um tweet com uma chamada de atenção ao editorial de Santos Guerreiro. Com efeito, o negócio entre Caixa e Manuel Fino é ruinoso para o banco público. Compreendo que sejam necessárias as renegociações de crédito mas não se compreende que se penalizem tanto os pequenos beneficiando tanto os grandes.
A questão é mais profunda, um reflexo do síndroma AVO (atentos, veneradores e obrigados) que está profundamente incrustado na nossa mentalidade.
O reconhecimento do mérito, da iniciativa, do talento de empresários e de gerações de famílias empreendedoras parece colidir com a necessidade de um tratamento justo e igual para todos.
"Isto sim é preocupante", como escreves.
O Anónimo "do 1º ao 7º ano com JPC na mesma turma"
Quem será que manda na Caixa?
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