2.7.09

Discutir a sério

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Há entre nós uma enorme carência de pensamento fundamentado e estruturado sobre os problemas que nos afligem.

Por isso é tão bem-vindo este contributo de Vítor Bento, tanto mais que o autor conhece bem o assunto e se esforça por discuti-lo com seriedade.

Escrever um livro de quase 200 páginas, com um argumento consistente de ponta a ponta, é uma prova intelectualmente muito mais exigente do que o sound-byte ou mesmo um breve artigo de jornal.

Fazia muita falta que alguém se desse ao trabalho de compilar e analisar uma grande massa de informação relevante acerca do desempenho recente da economia portuguesa. Devemos estar todos reconhecidos a Vítor Bento por ter assumido essa empreitada.

Espero, sem excessivas ilusões, que muita gente leia e discuta este livro.

Pela minha parte, encontro nele muitas coisas com que concordo, mas divirjo no essencial da análise e da estratégia propostas. Espero ter oportunidade de explicar em quê e por quê.
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1 comentário:

Rui Monteiro disse...

Concordo que o texto é interessante e coerente. Tenho as minhas dúvidas quanto ao juízo do autor sobre a paridade do Escudo no momento da criação do Euro. Mas são só dúvidas.

Enfim, o diagnóstico é coerente. O problema tem que ver com as soluções apresentadas. No capítulo 8, respeitante às soluções de curto prazo, lá se apresentam as receitas do costume de contracção da procura. Mas, como estamos numa situação de grave crise internacional o que aconteceria seria entramos numa espiral deflacionaria. Assim, o autor emenda logo a mão dizendo, nesse mesmo capítulo, que “teria que ser cuidadosamente previsto um mecanismo de aceleração do ajustamento de preços para evitar um demorado processo deflaccionista que contrariaria os objectivos do programa”. A seguir nada se avança sobre esse “milagroso” mecanismo. Para mim, o tal mecanismo, depois de aplicado o programa apresentado no texto, não seria mais do que a revogação uma a uma das medidas que o compõem. Para quê ter um programa que prevê logo um mecanismo para o revogar?